Os avós têm a certeza, os pais muitas vezes nem tanto. Certeza de quê? De que não é nada fácil deixar crescer os filhos, cultivar a sua independência e aceitá-la. A educadora Luísa Vian pôs o dedo na ferida quando escreveu que “para crescer é preciso querer crescer, o que é difícil, mas deixar crescer não é mais fácil”. E é ela que garante que os pais sentem uma enorme ambivalência, mas que precisam de lhes assegurar de que não é por crescerem que vão deixar de ter o nosso amor. Num primeiro momento reagimos à defesa — protestamos que tomara a nós que se vestissem sozinhos, que fossem a pé para a escola, que nos deixassem mais tempo livre —, mas se formos honestos e procurarmos bem cá dentro, talvez encontremos um certo terror de que deixem de ser os nossos bebés e se façam à vida, sem olhar para trás. Mas entre nesta nossa conversa e pense alto connosco, porque há pequenas coisas que pode fazer para os ajudar a encarar o futuro com entusiasmo e sem medo. É neste ponto que a avó se indigna e explode: “Por favor, adultos, parem com essa conversa de que o mundo está perdido e que mais vale ficarem sossegadinhos e protegidos no sofá a jogar consola, atirando a culpa de tudo para cima dos que vieram antes deles.”See omnystudio.com/listener for privacy information.
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15:37
Venham buscar a vossa tralha — a birra de uma avó que não consegue esvaziar o sótão
Os filhos queixam-se de que a casa dos pais está cheia de tralha, mas o que não contam é que a maioria daquelas caixas cheias até cima de manuais escolares que nunca mais vão ser abertos, de roupa que nunca voltarão a usar lhes pertence! A avó desta história passou o fim-de-semana a tentar deitar coisas fora, mas os protestos foram muitos, porque tudo era precioso, tudo são recordações. Porque, afinal, garante a Ana, a casa dos pais deve continuar para todo o sempre a ser a casa dos filhos, que têm o direito — diz mais uma vez a Ana — a regredirem para a infância e a adolescência mal entram por aquela porta. Não perca esta birra que se não adiantar muito ao problema em questão, talvez provoque algumas gargalhadas que sempre desanuviam a tensão.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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9:36
“Tinha medo de fazer mal ao meu filho”. A depressão pós-parto é para levar a sério
Pintamos o nascimento de um filho de cores claras e chilrear de passarinhos, como se tudo fosse felicidade, tornando quase impossível que uma mãe se sinta capaz de pedir ajuda quando os pensamentos mais negros lhe enchem a cabeça. Como é que terá coragem de confessar, por exemplo, que tem medo de se magoar a si mesma ou, vergonha das vergonhas, cometer um acto de desespero contra o seu recém-nascido, que não pára de chorar? Pois, é tão difícil não julgar os outros, e as mães que sofrem de depressão pós-parto sabem que é assim e por isso calam o seu gigantesco sofrimento, deixando perdidos também a sua família mais próxima. Porque ninguém lhes disse, ou se disse nem ela, nem quem a rodeia acreditam realmente, que sofrem de uma doença, uma doença a que é preciso urgentemente acudir. Mas que tem cura. Foi para chegar a cada vez mais mães e prevenir os casos graves que uma equipa de psicólogos clínicos da Universidade de Coimbra criou a plataforma digital Be a Mom (beamom.pt), com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, e que já foi testada num universo de mais de mil mulheres. Uma aplicação fácil de usar no telemóvel, adaptando-se à rotina e à necessidade de confidencialidade, destinada a todas as recém-mães, com conselhos e sugestões, mas também com a capacidade de avaliar o nível de depressão e de alertar em caso de risco. Entre neste episódio de Birras de Mãe e fique a saber mais sobre este projecto, que é urgente divulgar. O Birras de Mãe está disponível na Apple Podcasts, Spotify e em todas as restantes aplicações para podcasts. See omnystudio.com/listener for privacy information.
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12:54
Aprender a adiar a gratificação: a experiência do marshmallow
A experiência da Universidade de Stanford já tem décadas, mas continua a ser fascinante e divertida de ver: uma criança é deixada num gabinete sozinha com uma guloseima à frente e é-lhe dito que se conseguir ficar uns minutos sem a comer, o investigador vai recompensá-la com duas guloseimas. A forma como cada uma delas reage é registada, e há de tudo: desde os mais impulsivos que querem lá saber do futuro e tratam de engolir o marshmallow imediatamente, até aos que inventam estratégias que os ajudam a resistir à tentação, como virar a cadeira para não ter de encarar a armadilha, ou lambendo-a suavemente, sem a trincar. As conclusões deste ensaio levaram os psicólogos a perceber que as crianças mais pequeninas são, pura e simplesmente, incapazes de adiar o prémio, mas que a capacidade de adiar a gratificação aumenta não só com a idade, mas também com o treino. E que vale a pena treinar, porque as pessoas que são capazes de adiar o prazer são, por regra, mais felizes, serenas e mais altruístas. Mas como é que isto se faz, sobretudo num tempo em que não são só os nossos filhos que querem tudo agora e já, e a internet/telemóveis/jogos nos oferecem tanta coisa em milésimos de segundo? O episódio destas nossas Birras de Mãe dá-lhe algumas estratégias — partilhe connosco as suas. A avó começa logo por dizer que se fosse ela comi-a o logo!See omnystudio.com/listener for privacy information.
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16:38
Avós - como reagir quando os netos nos viram as costas?
É difícil admiti-lo, mas às vezes os netos magoam-nos - por exemplo quando, na presença dos pais, agem como se fôssemos desconhecidos, aparentemente passando uma esponja na cumplicidade do dia anterior, do que rimos e brincamos juntos. Quando berram ou viram as costas, recusando-se a dar-nos a mão para atravessar a rua, agarrando-se como lapas ao colo do pai ou da mãe, como meninos mimados e insuportáveis. Nessas alturas temos de respirar fundo e recordar que o adulto na sala somos nós, e que não podemos amuar como crianças pequenas, muito menos embarcar em chantagens emocionais ou cobranças. Mas às vezes é difícil, e se não estivermos bem “resolvidos”, pode abrir feridas antigas que julgávamos já saradas. Ou desencadear guerras com os nossos próprios filhos, colocados entre a espada e a parede. Mas afinal o que é que se passa? As crianças pequenas são oportunistas, manipuladoras, cruéis, ou este egocentrismo faz parte de um processo de desenvolvimento que os podemos ir ajudando a ultrapassar, mas não devemos ser sentidas como uma questão pessoal? Venha pensar connosco.See omnystudio.com/listener for privacy information.