Ed Gamble: “Faço televisão e rádio, mas as pessoas conhecem-me é pelos podcasts. É isso que vende bilhetes e cria uma base de fãs mais fiel”
O humorista britânico Ed Gamble atua pela primeira vez em Portugal a 11 de novembro, no Teatro Villaret, em Lisboa. Para além dos longos anos de carreira como stand-up comedian, é conhecido por co-apresentar o podcast “Off Menu”, ao lado do também humorista James Acaster. É um dos humoristas habituais nos chamados panel shows britânicos, como “Mock the Week”, “Would I Lie to You?” e também do “Taskmaster”, programa que venceu na versão britânica. “Ed Gamble Live” é a sua primeira digressão europeia e começa em Portugal. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, explica que arranja sempre tempo para experimentar pratos típicos quando está em tour, aponta os podcasts como o meio através do qual mais vende bilhetes e elogia a universalidade do “Taskmaster”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Seja em cima de uma palete ou num salão paroquial, João Dias e João Miguel Costa são “malucos por atuar, a toda a hora em todo o lado”
Como há cada vez mais humoristas chamados João na comédia em Portugal, dois deles juntaram-se para esclarecer quem é quem. João Miguel Costa, natural da Trofa, jogou futebol e chegou a treinar os sub-17 do SL Benfica. João Dias é de Barcelos, guitarrista exímio e professor de música, teve alguns vídeos virais a interpretar músicas do FC Porto. “Qual João?” é o espetáculo que apresentam em conjunto. Atuam em novembro em Lisboa, em dezembro no Porto e ainda param em mais algumas cidades do país. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, reforçam a importância de ganhar horas de voo quando se começa a fazer stand-up, explicam de que forma o humor pode ser útil em profissões que exigem autoridade e contam histórias de atuações em salões paroquiais e noutros sítios igualmente sagrados.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Marco Mendonça: “O humor é a linguagem que intuitivamente me apetece usar para falar sobre trauma e sofrimento. Pode ser uma grande ferramenta terapêutica”
“A força da sua identidade criativa e a qualidade do seu percurso enquanto intérprete deixam antever uma carreira de enorme fôlego e relevância”. São palavras da administração do Teatro Nacional D. Maria II, que há poucas semanas atribuiu ao ator Marco Mendonça o Prémio Revelação deste ano. O também encenador, nascido em Moçambique, estreou em junho de 2025 a sea segunda peça de teatro: “Reparations, Baby”, um novo concurso de televisão, assumidamente woke, que quer ser uma resposta simplista para as reparações históricas. Em 2023, entre sketches, stand-up comedy e música mostrou-nos “Blackface”. Esta primeira criação partiu de experiências pessoais e da história do blackface como prática teatral racista. Foi nomeada para um Globo de Ouro e eleita Melhor Peça de Teatro pelo jornal Público. O ator também pertence ao elenco do êxito “Catarina e a Beleza de Matar Fascistas”, do encenador Tiago Rodrigues. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, reconhece que tentou uma espécie de “justiça humorística” com o espetáculo “Blackface”, sem querer “simplesmente apontar os dedos à comunidade branca”, explica que o humor é a linguagem a que recorre “intuitivamente para falar sobre trauma” e reforça a importância de uma discussão sobre reparações históricas, já que “as cicatrizes do colonialismo ainda são vividas diariamente por pessoas negras.”See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Quiseram os Anjos apenas intimidar Joana Marques? Leonor Caldeira analisa a sentença de um caso que nunca teve “pernas para andar”
Joana Marques foi absolvida no processo que os Anjos levaram a tribunal no valor de mais de 1 milhão de euros. Em causa estava um vídeo publicado pela humorista nas redes sociais, que satirizava a interpretação do hino nacional por parte de Nelson e Sérgio Rosado. Na sentença, a juíza Francisca Preto afirma que “não há na publicação da Ré qualquer incentivo ao apedrejamento verbal” e adjetiva a crítica implícita ao post como “moderada”. Confirmou-se portanto que “não ficou provado que foi a publicação da Ré que deu origem à polémica que afetou a vida e o negócio” dos queixosos. Apesar da decisão a favor da liberdade de expressão, levantam-se algumas questões: Fez sentido sequer este caso chegar a tribunal? A sentença é esclarecedora para dissuadir futuras queixas semelhantes? Como alguns afirmam, esta decisão dá aos humoristas mais liberdade de expressão do que ao cidadão comum? No Humor À Primeira Vista, Gustavo Carvalho conversa com a advogada Leonor Caldeira, que tem trabalhado em vários processos relacionados com liberdade de expressão. A advogada considera que o processo “foi uma perda de tempo” e questiona, tendo em conta que o aconselhamento jurídico deve ter alertado os Anjos para a pouca probabilidade de sucesso, se o que os moveu foi a “vontade de intimidar a Joana Marques.” Explica ainda que mecanismos têm os tribunais para “cortar pela raíz processos que não têm pés nem cabeça” e sublinha que o discurso humorístico “tem mais amplitude para chegar a lugares de maior provocação, sátira e ironia.”See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Sincera Mente: “Quando faço alguém meio desconfiado rir, parece que as barreiras caem e veem-me como um ser humano que está de maquilhagem e peruca”
Entrou na arte drag através da dança, como bailarino de drag queens e apresentador de eventos da comunidade. Encontrou a sua identidade como Sincera Mente: começou por visitar várias cidades do país, a conversar com quem encontrava e, em poucos meses, os vídeos nas redes sociais atingiram milhares de visualizações. Em maio voltou ao conforto do palco para um primeiro espetáculo a solo. “(Vou-te)³” já esgotou por quatro vezes o Teatro Villaret, em Lisboa, onde vai regressar para um nova data em novembro, mês onde se estreia também no Porto. O espetáculo mistura stand-up comedy, improviso e histórias pessoais, mostrando as várias vertentes artísticas de Sincera Mente, que também é cantora. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, Sincera Mente narra o processo que a levou até esta personagem, explica a interseção entre a comédia e o mundo drag e de que forma o humor pode ser usado como mecanismo de desconstrução e pede mais espaço para drag queens nos meios tradicionais e no mainstream, para deixarem de ser uma “arte escondida”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Gustavo Carvalho entrevista pessoas para quem a comédia é paixão e profissão. Por vezes abre a porta a conversas sobre outros temas culturais que o entusiasmam, seja sobre teatro, música, digital, televisão ou cinema. A comédia, a arte e a cultura que estão para acontecer, todas as terças-feiras no Humor À Primeira Vista.